Esportes em baixas temperaturas

Na busca pela melhora do condicionamento físico muitos praticantes de atividade física acabam se expondo aos riscos relacionados ao frio. A ocorrência de problemas relacionados as baixas temperaturas vão depender da combinação de dois principais fatores:

1- Baixa temperatura do ar, água ou ambos.

2-A influência do vento na capacidade do organismo em manter a sua temperatura devido a exposição do corpo.

Os problemas relacionados ao frio são mais comuns em corredores, ciclistas, nadadores, militares e demais modalidades praticadas em ambientes externos (“outdoor”) e variam de congelamentos de extremidades até hipotermia grave (quando o corpo não consegue manter a temperatura corporal dentro da normalidade).

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EXTREMIDADES

O congelamento de extremidades envolve cristalização de líquidos na pele ou no tecido celular subcutâneo após exposição a temperaturas abaixo do ponto de congelamento (< –0,6ºC). Com uma baixa temperatura cutânea e desidratação, os vasos sanguíneos cutâneos sofrem constrição e a circulação se torna mais lenta por aumentar a viscosidade sanguínea. Desta forma, o congelamento pode ocorrer em segundos ou horas de exposição, dependendo da temperatura do ar, da velocidade do vento e do isolamento térmico do corpo. Externamente, a pele congelada pode ter aparência branca, branco-amarelada ou roxa, e ficar dura e com adormecimento (insensível ao toque).

O reaquecimento da região causa dor intensa, avermelhamento da pele e edema. A formação de bolhas é comum e pode ocorrer a perda de extremidades (dedos, orelhas, mãos, pés). O grau de lesão tecidual depende da duração e da gravidade do congelamento e da eficiência do tratamento.

 

HIPOTERMIA

A hipotermia (temperatura central abaixo de 36ºC) ocorre quando a perda de calor é maior do que a produção metabólica de calor. Entre os sinais e sintomas precoces de hipotermia podemos incluir calafrios, euforia, confusão mental e um comportamento semelhante a uma intoxicação. À medida que a temperatura central continua a cair, podem ocorrer letargia, astenia muscular, desorientação, alucinações, depressão ou comportamento combativo. Se a temperatura central cair abaixo de 31,1ºC, os tremores podem cessar e o paciente se tornará progressivamente mais confuso, descoordenado e eventualmente comatoso se o tratamento não for instituído.

Durante maratonas realizadas em temperaturas frias ou muito frias, os distúrbios mais comuns são hipotermia, exaustão e desidratação. As queixas mais comuns são fraqueza, calafrios, letargia, fala arrastada, tontura, mal-estar, diarreia e sede. A desidratação é comum em clima frio e os atletas devem tentar repor líquidos em uma taxa semelhante à das perdas pela urina e suor.

Casos de hipotermia também ocorrem na primavera e no outono, pois as condições meteorológicas podem mudar rapidamente e os corredores podem estar vestindo roupas inadequadas que ficam ensopadas de suor durante um treino ou uma competição.

A hipotermia pode ocorrer durante corridas, por exemplo quando os corredores cumprem a segunda metade do percurso em um ritmo menor do que a primeira metade. Os resfriamentos evaporativo e radiativo aumentam porque a pele úmida (do suor, chuva ou neve) e as roupas estão expostas a uma velocidade do vento maior em uma hora na qual se reduz a produção de calor pelo metabolismo. Além disso, pode ocorrer após uma corrida, quando o gradiente de temperatura entre a superfície corporal e o ambiente é maior mesmo com temperaturas entre 10 e 18ºC.

Para reduzir a perda de calor, os corredores devem se proteger da umidade, vento e ar frio vestindo várias roupas leves e frouxas que isolem a pele do ar ambiente. Uma peça mais externa, que seja à prova de vento, que permita que a umidade escape e proporcione proteção contra a chuva, é útil. Parcas de náilon podem não oferecer isolamento térmico, mas protegem bem contra a sensação térmica provocada pelo vento, especialmente se tiver um capuz. Regiões do corpo que perdem grandes quantidades de calor (cabeça, pescoço, pernas, mãos) devem ser cobertas.

Uma hipotermia leve (34 a 36ºC) ou moderada (30 a 34ºC) deve ser tratada antes que progrida. As roupas úmidas devem ser trocadas por tecidos secos (camisetas, cobertores) que estejam isolados do chão e do vento. Se o paciente estiver lúcido, capaz de falar e com boa concatenação de pensamentos, deve consumir líquidos quentes. Pacientes com hipotermia moderada a grave (< 30ºC) devem ser protegidos em um cobertor e transferidos para um hospital imediatamente.

Esportes em baixas temperaturas

 

 ORIENTAÇÕES

  1. ANTES DO EVENTO ESPORTIVO

Procure se hidratar adequadamente, evite bebidas alcoólicas e drogas e medicações.

Procure conhecer os sinais de hipotermia e os atletas com maior suscetibilidade as complicações relacionadas ao frio, como:

#indivíduos com baixo índice de massa e % de gordura

# mulheres

# idosos

# baixo condicionamento

# comorbidades e outros problemas de saúde (cardíacos, pulmonares, endocrinológicos)

  1. CUIDADOS E AVALIAÇÃO DO AMBIENTE

Procure saber a previsão do tempo para o dia do treino ou competição, incluindo temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento e sensação térmica prevista. Tenha sempre alternativas planejadas em casos de mudanças climáticas.

# temp. -1c e abaixo: situação de risco elevado. Esteja preparado para lesões por congelamento, notifique os responsáveis pelo treino, competição ou prova

# temp. -3c: tenha roupas para aquecimento extra, além de locais para reaquecer o corpo.

# -9c e abaixo: considere modificar a atividade para limitar a exposição ao frio ou permitir mais oportunidades de reaquecimento (intervalos, etc).

# -17c e abaixo: considerar suspender ou cancelar a atividade física ou competição

  1. PAPEL DOS TREINADORES E ATLETAS

Coordenar o cronograma de hidratação e alimentação

Coordenar o cronograma de reaquecimento

Monitorar os atletas e agir rapidamente frente aos sinais de hipotermia

  1. CUIDADOS NA ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS ESPORTIVOS

Oferecer líquidos e alimentação

Oferecer ambientes que permitam o aquecimento corporal

Implementar controle de exposição ambiental e reagendar a prova caso necessário

Um grande abraço e até a próxima,
Professor Eduardo Prosdocimi
CREF 044742- G/RJ
Email : eduardoprosdocimi@gmail.com
Tel : 21-96490-3393

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