Ciclistas em abaixo assinado repudiam organização do Brasileiro de XCM

Brasileiro de xcm

Em muitos comentários pelas redes sócias, vários atletas resumiram a organização do Brasileiro de XCM 2021 como um Rachão

Leia abaixo a explicação e o abaixo assinado de repudio sobre a prova realizada neste domingo em Juiz de Fora – MG

Nós, abaixo assinado, amantes do mountain bike e participantes do “Campeonato Brasileiro de Maratona de MTB XCM 2021”, realizado no dia 21/11/2021 as 10h na cidade de Juiz de Fora – Minas Gerais gostaríamos de expressar a nossa insatisfação quanto a sucessão de erros da organização da prova, que contou com a chancela da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) e da Federação Mineira de Ciclismo (FMC). Listados a seguir:

1. Ainda no processo de realização das inscrições, iniciadas no dia 13 de setembro de 2021, atletas já relatavam dificuldades na página do site ‘www.bikelight.com.br Atletas da elite feminina, por exemplo, não conseguiram escolher a categoria “elite feminina”, pois suas inscrições eram imediatamente direcionadas para a “categoria elite masculina”;

2. Atletas encontraram dificuldades para a retirada do seu kit devido a inconsistências no site oficial para realização do evento. Esse fato atrasou a retirada de vários kits; 

3. O local escolhido para realização do evento era afastado da cidade e não contava com a estrutura mínima de alimentação, banheiros e estacionamento para atender o número de atletas que participaram da prova;

4. O “Congresso Técnico” realizado na noite anterior a largada contou com a presença do Comissário Felipe Almeida (Pimpão); do presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo – José Luiz Vasconcellos; do presidente da Federação Mineira de Ciclismo – Paulo Aquino; além da presença de inúmeros atletas e membros de equipes. Na oportunidade, o Comissário descreveu todas as exigências para a realização da prova, inclusive pontuou que a prova seguiria a tendência das provas de Cross Country Maratona com a presença de “trilhas”, “singles tracks”, “double tracks”. O que os atletas vivenciaram no dia seguinte foi a contra-mão da tendência:

4.1 O numeral frontal e dorsal, obedecendo à sequência lógica por categoria não foi uma realidade neste evento, conforme definido como REGRA nas publicações da CBC e FMC que possuem vigência até 31/12/2021 (disponível em: https://www.cbc.esp.br/arquivos/cbda4dcb64.pdf e https://fmc.org.br/wpcontent/uploads/2021/01/regulamentacao_2021.pdf Tal ponto foi questionado no congresso técnico pois isso impossibilitaria o reconhecimento da categoria  do adversário a sua frente;

4.2 Não houve divulgação do percurso previamente;

4.3 Percurso sem marcação no dia anterior à prova. O comissário Felipe Pimpão reafirmou que ele chegou em cima do horário, pois estava acompanhando a marcação do percurso – fato este contestado pelos atletas presentes e aqueles que havíam passado pelo percurso minutos antes;

4.4 No dia da competição (21/11/2021), as 04 horas e 21 minutos da manhã, foi publicado  “Comuniqué of the UCI Commissaires’ Panel nº: 001”, alterando o percurso completo para – “uma volta inicial em novo trajeto (10km) + uma volta no percurso reduzido (50km), além da mudança do horário de largada do percurso COMPLETO para as 10 horas da manhã”, sob a alegação de “Alterações no percurso: Devido atos de vandalismo que danificaram as marcações existentes para o percurso da edição 2021 do Campeonato Brasileiro de MTB XCM”. Comunicado este assinado pelo comissário CBC/UCI Felipe Almeida (Pimpão). A comunicação acerca dessas alterações foi insuficiente e não atingiu todos os atletas em tempo hábil. Muitos atletas ficaram sabendo quando chegaram ao evento pouco antes das 9 horas que mudanças na logística do percurso e horário haviam sido alteradas;     

4.5 Não haviam órgãos de controle do trânsito como Polícia Militar ou Polícia Rodoviária Federal ou Guarda Municipal, para garantir a integridade física dos atletas durante a largada e em vários trechos de circulação de carros durante o trajeto. A largada ocorreu em meio a carros sendo manobrados na rodovia, carros parados na metade das faixas da rodovia, fluxo de trânsito na faixa contrária, número de “batedores de prova” insuficientes, velocidade de deslocamento incompatível com a quantidade de atletas. Todos esses fatores contribuíram para o estreitamento da via em vários momentos (carros parados, ônibus, carros no sentido contrário, etc) culminaram diretamente com a insegurança dos atletas e nas várias quedas que ocorreram nos primeiros 3km de prova;

4.6 Ausência de trilhas, singles ou double tracks;

4.7 A prova foi realizada em estradões estreitos, vários trechos de asfalto com trânsito de locais completamente liberado;

4.8 Sinalização insuficiente ou inexistente para as áreas de estreitamento, curvas e descidas sem a devida orientação de perigo, ausência de descrição de quantos quilômetros faltavam para o término da prova;

4.9 Altimetria não condizente com a realidade, seja ela a prevista anteriormente as mudanças ou ao que de fato aconteceu no dia da prova;

4.10 Ausência de altimetria suficiente para ocasionar a “quebra ou dispersão” do pelotão;

4.11 Não houve chamada para alinhamento seguindo o ranking nacional;

4.12 Não houve divisão do bolsão de largada por categorias;

4.13 Não houve tempo suficiente para dispersão dos atletas entre as largadas das categorias elite masculina e feminina para as outras categorias. Isso gerou insegurança por parte dos atletas da elite, em especial, da elite feminina pois as atletas ficaram posicionadas em um cenário de disputas em local estreito e com atletas das outras categorias ‘jogando a bike para cima do pelotão feminino’, ‘batendo guidão em alta velocidade’;

4.14 Despreparo dos “motoqueiros” ao conduzir a moto muito próximo ao pelotão em alta velocidade, fecharam atletas durante trechos, perderam o controle da motocicleta na frente do pelotão;

4.15 ‘Motoqueiros entusiastas’ sem a devida sinalização de staffs ou não da prova “mediram força” e acirraram a disputa com o atletas do pelotão ao longo de vários trechos do percurso;

4.16 Nas estradas rurais não havia qualquer tipo de alerta para a população residente no local sobre a ocorrência da prova. Nos deparamos com carros, motos, carroça animais soltos na estrada;

4.17 Staffs insuficientes para indicar a direção do percurso. Há relatos de atletas que citam a ausência completa de staffs de seus postos;

5. Segundo documentos publicados no site oficial da Confederação Brasileira de Ciclismo que estabelecem as REGRAS GERAIS MOUNTAIN BIKE (disponível em: https://www.cbc.esp.br/arquivos/provas%20em%20mtb.pdf e o Regulamento Específico MTB XCM 2021 publicado no dia 10/01/2021 (disponível em: https://www.cbc.esp.br/arquivos/cbda4dcb64.pdf determinam as regras técnicas para eventos de XCM – Cross Country Maratona. Destacam-se os itens previstos na regra que, no entanto, foram ignorados pela organização da prova, CBC e FMC, a exemplo da distância mínima prevista para provas de Maratona (60km), entretanto foram percorridos pouco menos de 59km, bem como o tempo mínimo para realização da prova de 3 horas; Ressalta-se que o campeão da elite masculina concluiu a prova em 1 hora e 52 minutos e 32 segundos e a campeã da elite feminina, por sua vez, concluiu em 2 horas 09 minutos e 10 segundos;

Reforçamos que cabe a Confederação Brasileira de Ciclismo, à Federação Mineira de Ciclismo e ao(s) Comissário(s) responsável(is) pela condução da prova a garantia de que TODAS as regras para a realização de uma prova com o porte do “Campeonato Brasileiro de Maratona” sejam atendidas. Destacamos que os requisitos mínimos previstos pela entidade superior do esporte União Ciclista Internacional (UCI) para a classificação da prova como “Campeonato Brasileiro de XCM” NÃO FORAM ATENDIDOS.

A CBC/Comissão de Arbitragem/Associação Brasileira de Comissários de Ciclismos definem o “Comissário como um oficial, designado pela UCI ou pela CBC ou ainda pela Federação Estadual (quando lhe cabe), para controlar a conformidade das provas de ciclismo no que diz respeito as disposições regulamentares aplicáveis”. Cabe aos “Comissários, individualmente e/ou em Colégio (Painel), assumirem a direção das provas de ciclismo no plano desportivo e zelarem para que a prova se desenrole em conformidade com os regulamentos. Verificam os regulamentos particulares das provas e se estes estão de acordo com os regulamentos UCI/CBC e ainda constatam as infrações e aplicam as sanções previstas regulamentar”. Questionamos se isso realmente foi exercido durante o pré, durante e pós realização do “Campeonato Brasileiro de Maratona de MTB XCM 2021”.

O trabalho do comissário deve estar em consonância com as regras previstas pela UCI, CBC e Federações para garantir a integridade física dos atletas, espectadores e de todos os envolvidos no evento. A postura de seguir as regras e fazê-las serem cumpridas pelos organizadores representa o último elo de barreira para que situações de insegurança, despreparo e incompetência é de responsabilidade do Comissário. Situações estas as quais todos fomos expostos no “Campeonato Brasileiro de Maratona de MTB XCM 2021” e esperamos que não se repitam novamente.

A entidade máxima do esporte no país deveria zelar e prezar pela segurança de seus filiados. Exigimos que a segurança dos atletas seja de fato prioridade para organizadores, membros da CBC e de todas as Federações de Ciclismos do nosso país. Desejamos que todos os erros cometidos no dia 21/11/2021 sejam encarados pela CBC/FMC e Comissários como uma oportunidade de crescimento e de aprendizado.

Por fim, manifestamos a insatisfação e temor pela realização do “Campeonato Panamericano de Maratona” sob a organização do Felipe Gomes (Mamão) previsto para 21/08/2022.

Link para assinar o repudio a organização da prova.

Foto divulgação

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