Minhas histórias no ciclismo por Iêda Botelho

Iêda Botelho

Minhas histórias no ciclismo, Iêda Botelho estreia sua coluna no site

Primeiramente, quero agradecer ao convite do João para escrever esta coluna e contar muitas histórias que vivi nestes 38 anos de ciclismo. Apesar de não ser do signo de virgem, gosto de tudo esquematizado. Por isso, vou começar esta parceria com o “Bike aos Pedaços” pelo começo da minha vida na bike.

Bem, o início mesmo, do meu caso de amor com a bike, foi aos 2 anos, quando tive minha primeira bicicleta. Não lembro exatamente, mas minha mãe sempre me contava que foi um alívio pra ela a paixão por este “brinquedo”.  Morávamos em uma casa com um jardim grande e eu ficava o dia todo girando no terreno. Ela dizia: “só assim pra essa menina não ficar atormentando dentro de casa”!

Mais adiante, na adolescência, a bicicleta seguiu sendo minha parceira. Sempre odiei andar de ônibus e minha mãezinha me colocou numa escola longe de casa. Eu vivia correndo atrás do ônibus, que passava de hora em hora, naquele tempo, pra não ser barrada por atraso na entrada! Era um colégio de freiras, mega radical e um minuto já era suficiente para não entrar. Ai, já viu, carimbada na carteirinha e castigo em casa! Foi assim que resolvi começar a me locomover de bike.

Aos 18 anos, fiz uma viagem para o nordeste brasileiro.

Bateu uma onda de aventureira, cai na estrada, sozinha, com uma mochila e pouca grana, pois meus pais acharam uma loucura e não me deram nada de dinheiro. Conheci lugares e pessoas incríveis. As pessoas mais humildes me ensinaram as maiores lições de vida. Nem imaginava o tamanho do aprendizado que esta aventura iria me proporcionar. Primeiro, porque acabou o dinheiro e, quando pedi uma força aos meus pais, eles negaram e exigiram meu retorno.

Como sempre, fui cabeça dura. Enfrentei a dificuldade e fiquei mais 2 meses viajando, no total foram 5 meses nessa experiência única. Vendi brincos com os hippies, dormi na praia, passei fome, mas não voltei. Foi uma das experiências mais incríveis que vivi. Evoluiu minha alma. Eu era uma menina mimada, cheia de bobagens na cabeça. Voltei forte, questionando os valores fúteis do mundo, enfim, meus pais acharam que a filha voltou louca. No dia que cheguei à casa deles, minhas primeiras palavras foram: “mãe, porque a gente tem direito a tanto luxo? Vi tantas pessoas humildes e foi essa galera que estendeu a mão e me deu abrigo”. Claro, minha mãe olhou e falou: “Gente, minha filha voltou maluca!”

Porque estou contando isso tudo pra vocês? Simplesmente porque esta viagem foi o start da minha vida no ciclismo. Primeiro porque me transformou em uma pessoa melhor, mais forte e determinada. Depois, porque, logo que cheguei à casa, conheci um amigo que tinha vindo de Brasília ao Rio de Janeiro pedalando. Adivinha? Logo imaginei minha viagem pro nordeste de bicicleta.

Foi só o início

Lembro como se fosse hoje, minha boca aberta, impressionada com o feito dele e disse: “eu quero viajar de bike”. Neste dia, estávamos em um bar, eu estava fumando (que vergonha dizer isso, mas fato que esta foi a minha primeira vitória no ciclismo, parar de fumar) e ele me disse: “vai ser difícil, você é fumante e o ciclismo exige muito esforço”.Eu respondi: ”este é o problema? Então não existe mais”. Apaguei o cigarro e nunca mais fumei.

No dia seguinte fiz o meu primeiro treino, quase morri, mas não o suficiente para me tirar o desejo de seguir. Fiquei hipnotizada. Acordei cedo e vi o mar e o sol nascer pedalando, esta imagem, essa energia, nunca mais saiu dos meus pensamentos. Dai em diante, me tornei atleta, conquistei títulos nacionais e internacionais e trabalhei por 27 anos fazendo comentários de ciclismo no Sportv. Mas, a história não para, a paixão não morreu e meu encanto é diário por este esporte.

No próximo texto desta coluna, vou contar como foram meus primeiros treinos, minha primeira competição, a emoção de comprar a primeira bike de corrida, enfim, tenho tanto a contar, tantas emoções, tantas experiências incríveis, quero compartilhar isso com vocês, aguardem as cenas dos próximos capítulos. Acompanhem minhas histórias também no Instagram e nos Podcast.

Um forte abraço Iêda Botelho

Instagram @iedabike

Podcast Iêdabike

Fotos arquivo pessoal Iêda Botelho

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